Noites de solidão, dias chuvosos. Enfatizo com frequência que este início de verão está profundamente melancólico. Embora o vínculo do mais etéreo amor possível entre humanos regue com frequência o sentido de toda a existência, ainda assim nada afasta a sensação de absurdo, e silencioso, vazio. Há de se crer que, se há o "vazio", então há alguma coisa; ou a solidão ela mesma signifique alguma coisa; todavia não existe palavra que de fato explique a sensação sorumbática e penumbral que permeia meu âmago desde muito, muito tempo atrás. Não está vinculado, especificamente, à tristeza ou amargura; muito menos à depressão; trata-se da angústia do Ser e dessa eu conheço com precisão. A angústia move, sem ela perdura por mais tempo a inautenticidade. Mas, de fato, nada disso importa enquanto o alarde da grande cidade impede que os trovões se espargem no cântico da grandiosidade natural de suas constituições. Aqui, eu apenas escrevo; a razão que me sustenta será sempre a Escrita.