Tuas asas se abrem lívidas ao céu
Tens face em palidez símil às nuvens
Mãos negras estendidas, nenhum fel,
Com olhos carmesim de sangue em flúmens;
Transmuta-se alguém que muito amei,
Por hora és um demônio e também homem,
Um anjo horrendo e belo — opus Dei —
Lhe temo com afãs que me consomem;
Emerge em sonhos tristes, devagar,
E em noites cuja relva queima o ar
Recita o verso fúnebre por fim;
Tão próximo deleita o meu perfume
Ardor e solidão, tão pouco lume,
Afogo-me no assombro em frenesim.